Em 1993, publiquei o artigo MAIAKÓVSKI 100 ANOS: A FELICIDADE GUERREIRA e traduzi várias partes do poema-livro Vladimir Ilich Lênin, inédito entre nós. Apenas duas foram publicados em jornal, ilustrando um texto de Emílio Carrera Guerra sobre a vida do poeta. O conjunto traduzido veio a público numa edição artesanal, de circulação bastante limitada. Esse ano, vou retomar o trabalho..Se hoje alguns temas chegam a ser considerados proibitivos à poesia - como os da esfera sócio-econômica e política - por um certo pensamento conservador travestido de moderno que reedita o equivalente às antigas proibições sexuais, o poeta russo tem algo de atual a dizer, derrubando muros e cerquinhas. Rejeita, igualmente, o que não atingiu o artístico.. Palavras que flutuam no ar:. Palavras que flutuam no ar:fumaça que dissipa logo..
Nada se pode extrair.
Nada se pode extrairdessas cascas de ovo..Nem cabeça nem mãos.Nem cabeça nem mãossentirão nada novo......
Sei que.Sei quesorrirá.Sei que sorrirácom amargura o lírico,.precipitado.precipitadoempunhará.precipitado empunharáa vara o crítico:.- E a alma, onde está?.- E a alma, onde está?Isso é pura retórica, linear!.E a poesia, cadê?.E a poesia, cadê?Panfletário demais!.....Eu escreverei.Eu escrevereisobre tudo,..Eu escreverei sobre tudo,sem preconceito,.mas agora.mas agoranão é hora. mas agora não é horade palavrinhas-confeito..A ti.A tite dou.A ti te douatacante classe obreira.toda minha força sonante.toda minha força sonantede poeta. .
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VLADIMIR MAIAKÓVSKI, 1893-1930.
Tradução Sidnei Schneider, 1993.