12 janeiro 2012

SOBRE ALGUMA POESIA CONTEMPORÂNEA

Texto do poeta-crítico Paulo Franchetti, de uma lucidez impressionante, que merece ser lido na íntegra:

Teci algum reparo divulgado via Facebook, pequeno diante de tanto acerto, que recebeu um amável curtir do próprio Franchetti:

Penso que o artigo de Paulo Franchetti é bom, traz questões chaves com muita propriedade e incita ao debate. Vou abordar uma dissonância quanto ao meu modo de ver, concordando no essencial. Claro que não existe objetivismo nem subjetivismo puro: muito do “objetivismo” atual é tão distante  do mundo objetivo e das relações humanas reais que atinge facilmente o solipsismo, sem a menor consciência disso. No entanto, não creio que se possa voltar atrás e retomar algo do confessionalismo, uma das soluções aventadas, pelo menos enquanto eixo principal da poesia. Há espaço para isso e “pressão” de público ávido, Carpinejar que o diga, mas não creio que avançaremos por esse caminho.

Paulo Henriques Brito e Antonio Cicero sentiram essa pressão e revidaram. Talvez Cabral tenha sido mais elegante e menos satírico, mas não penso que o tom da oposição seja o problema, nem mesmo as diferenças de contexto. A poesia que merece ser escrita e lida, para a qual deveríamos apontar nossos esforços, como sugere o artigo, não teria algo a ver com a sua maior ou menor conexão com a realidade? Com, não uma realidade parada, mas o seu andamento e os seres humanos que se movem nela? Qual é o parâmetro de verdade ou do eticamente válido, como quer Franchetti, por mais fantasioso que seja o poema, senão o que podemos apreender, ainda que insuficientemente, do real?

Uma poesia com esse parâmetro, com formas e modos capazes de o expressar, não atenderia a necessidades do leitor atual? Não o aproximaria do gênero, mesmo que para tanto um bom combate com o tempo tivesse que se travar para a sua disseminação? E a poesia, não é ela um canal privilegiado para isso? Sei, falar é mais fácil do que fazer, mas não somos, nós poetas, os “fazedores”? Muito bom ler um poeta atual tratando da função da poesia. Valeu, Franchetti!

Sidnei Schneider

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