A idéia é expor poemas e traduções de poesia toda vez que eu regar meus cactos e a zamioculgas africana.
28 maio 2009
PER UNA AMICA
não vou dormir sem do recanto lábil da tua fala dizer pelo menos um discer- nir avesso de todo favo: me gusta hablar con tigo sin labios
Sidnei Schneider
Não dava nada por esse poema. Há poucos dias fui a ele com outra retina. O que mudou se o poema não mudou? Agradeço a quem deixar sua opinião nos comentários. Mas sem essa de que o melhor para as boas relações é postar somente afáveis elogios.
Citando Sagredo: “A que superior altura estava a mente daquele que se propôs inventar um modo de comunicar seus mais recônditos pensamentos a não importa que outra pessoa, por mais extenso que fosse o intervalo de tempo e espaço existente entre ambos? falar com alguém que estivesse nas Índias, ou com aqueles que ainda não nasceram ou que irão nascer só daqui a mil ou dez mil anos? e com que facilidade! com as combinações variáveis de vinte pequenos caracteres numa folha de papel.”
Quem é cada um de nós senão uma combinatória de experiências, de informações, de leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amostragem de estilos, onde tudo pode ser continuamente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis.Mas a resposta que mais me agradaria dar é outra: quem nos dera fosse possível uma obra concebida fora do self, uma obra que nos permitisse sair da perspectiva limitada do eu individual, não só para entrar em outros eus semelhantes aos nossos, mas para fazer falar o que não tem palavra, o pássaro que pousa no beiral, a árvores na primavera e a árvore no outono, a pedra, o cimento, o plástico.
Italo Calvino, trechos de Seis propostas para o novo milênio
Sidnei Schneider é poeta, contista, tradutor de poesia e ensaísta. Publicou os livros "De rua e sangas" (Umespa, 2018, 2a. ed. 2019, contos), "Andorinhas e outros enganos" (Dahmer, 2012, Amazon, 2020, contos), "Quichiligangues"(Dahmer, 2008, poesia), "Plano de Navegação" (Dahmer, 1999, poesia) e "Versos Singelos/José Martí"(SBS, 1997, tradução). Participa de "Poesia Sempre" (Biblioteca Nacional/MinC, 2001), "Antologia do Sul" (Assembléia Legislativa, 2001), "O Melhor da Festa"(Nova Roma, 2009; Casa Verde, 2010), "Moradas de Orfeu" (Letras Contemporâneas, Florianópolis, 2011), entre outras publicações. 1º lugar no Concurso de Contos Caio Fernando Abreu, UFRGS, 2003 e 1º lugar em poesia no Concurso Talentos, UFSM, 1995. Participou do projeto ArteSesc, membro da Associação Gaúcha de Escritores.