14 julho 2011

POESIA NO PICO DA TECNOLOGIA





CODIGO COLETIVO: projeção de poemas em QR CODE
Exposição/Projeção de poemas em QR Code
Instalação de Sandra Santos, parceria CIDADE POEMA, Laís Chaffe.
Reúne cerca de 100 poetas brasileiros e estrangeiros.

Poetas que participam da exposição:

Ademir Antonio Bacca - Ademir Assunção - Ademir Demarchi - Alberto Al-Chaer -Alexandre Brito - Allan Vidigal - Alma Welt - Alvaro Posselt - Ana Melo - Andrea Del Fuego -Andreia Laimer - Antonio Carlos Secchin - Armindo Trevisan - Astier Basilio - Augusto Bier - Barbara Lia - Barreto Poeta - Carlos Seabra - Celso Santana - Claudio Daniel - Cristina Desouza - Cristina Macedo - Diego Grando - Diego Petrarca - Dilan Camargo - E. M. De Melo e Castro - Edson Cruz - Eduardo Tornaghi - Elson Fróes - Estrela Ruiz Leminski – Fabio Bruggmann - Fabio Godoh - Fabricio Carpinejar - Floriano Martins - Frank Jorge - Frederico Barbosa - Gilberto Wallace Battilana - Glauco Mattoso - Gustavo Dourado - Hugo Pontes - Igor Fagundes - Isabel Alamar - Jacqeline Aisenman - Jiddu Saldanha - José Aluisio Bahia - José Antônio Silva - José Inácio Vieira de Melo - José Geraldo Neres - Juliana Meira - Jurema Barreto de Sousa - Laís Chaffe - Lau Siqueira - Leo Lobos - Leonardo Brasiliense - Liana Timm - Lucia Santos - Luis Serguilha - Luis Turiba - Luiz de Miranda - Mano Melo - Marcelo Ariel - Marcelo Moraes Caetano - Marcelo Soriano - Marcelo Spalding - Marcilio Medeiros - Marco Celso Ruffel Viola - Mario Pirata - Marko Andrade - Muryel de Zoppa - Nei Duclós - Nicolas Behr - Nydia Bonetti -Orlando Bona Fº - Paco Cac - Paula Taitelbaum - Paulo de Toledo - Paulo Henrique Frias - Paulo Prates Jr - Pedro Stiehl - Regina Mello - Renato de Mattos Motta - Ricardo Mainieri - Ricardo Portugal - Ricardo Pozzo - Ricardo Silvestrin - Rodrigo Garcia Lopes - Rogerio Santos - Romério Rômulo -Ronaldo Werneck - Sandra Santos - Sidnei Schneider - Silas Correa Leite - Suzanna Busatto - Talis Andrade - Tchello de Barros - Telma Scherer - Tulio Henrique Pereira -Valeria Tarelho - Wasil Sacharuk -Wender Montenegro - Wilmar Silva

CODIGO COLETIVO: projeção de poemas em QR CODE
Local: Castelinho do Alto da Bronze, Centro Histórico de Porto Alegre.
Quando: de 15 a 25 de Julho de 2011

Sobre QR CODE: Foi desenvolvido em 1994 pela empresa japonesa Denso-Wave, para identificação de peças de automóveis. Trata-se de um código de barras 2D que pode armazenar caracteres numéricos, alfa-numéricos, binários, kanji (alfabeto japonês). Os dados podem ser acessados, decodificados, através de dispositivos móveis equipados com câmeras e com um leitor QR compatível. Desta forma é possível ler um trecho de texto, uma mensagem sms ou ser redirecionado por um link a um site de conteúdo publicado na web, como este aqui.

Para seu celular ler código QR, instale o programa. Muitos celulares são compatíveis com o KaywaReader (gratuito). Uma dica: ao baixar o aplicativo java, instale primeiro o arquivo KaywaReader.jad, para não dar ‘error’. Após instalar, acesse o ícone do aplicativo, aproxime o celular da imagem, dê ok e verifique se começa o escaneamento da imagem pelo programa (duas linhas, uma linha vertical e outra horizontal, se movimentando na tela), se depois disso acusar mensagem de ‘error’, tente encontrar o ângulo correto para fotografar.

Celulares iPhone podem instalar o aplicativo Qrafter na própria App Store da Apple. Há outros programas na web, como o Bee Tagg, I-nigma, ou Barcode Reader. Verifique sempre a compatibildade com seu modelo de celular.

Caso queira decifrar um código encontrado na internet, sem o celular, isso também é possível, enviando o arquivo de imagem a este site aqui.

Resumo da decodificação:

Passo 1: um celular com câmara; baixar um programa gratuito, pode ser o KaywaReader; acessar o aplicativo; apontar para a imagem projetada.

Passo 2: o aplicativo KaywaReader scanea o código.

Passo 3: aparece o poema no celular. a captura se dá no "escuro", pois não se sabe de qual poema/poeta é o código.

EXPOSIÇÃO LEONARDO BRASILIENSE

Exposição de fotografias de Leonardo Brasiliense, 15 a 30 de julho, no Castelinho do Alto da Bronze, centro histórico de Porto Alegre.

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LANÇAMENTO O MELHOR DA FESTA 3

Clique na imagem para ampliar

16/07, sábado, no 512 Bar (rua João Alfredo, 512),
a partir das 20 horas.
Org: Fernando Ramos, FestiPoa Literária.

Leituras e shows:
Altair Martins, Augusto Paim, Camila Fialho, Clarice Müller, Daniel Weller, Everton Behenck, Guto Leite, Marlon Almeida, Rodrigo Rosp e Sidnei Schneider.
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Participam da coletânea: Adão Iturrusgarai, Ademir Assunção, Alexandre Rodrigues, Altair Martins, Amilcar Bettega, Antonio Carlos Secchin, Antonio Cicero, Antônio Xerxenesky, Andréia Laimer, Augusto Paim, Bárbara Lia, Carlos André Moreira, Cardoso, Carlos Gerbase, Carlos Pessoa Rosa, Cássio Pantaleoni, Claudia Tajes, Cristian De Nápoli, Daniel Weller, Diego Petrarca, Douglas Diegues, E. M. de Melo e Castro, Everton Behenck, Flávio Wild, Guilherme Orosco, Guto Leite, Henrique Rodrigues, Henrique Schneider, Horacio Fiebelkorn, Jacob Klintowitz, Jeferson Tenório, João Gilberto Noll, Jorge Fróes, Laerte, Laís Chaffe, Leandro Dóro, Liana Timm, Lima Trindade, Lúcia Rosa, Luciana Thomé, Luís Dill, Luís Serguilha, Luiz Paulo Faccioli, Marcelo Spalding, Márcia Denser, Maria Rezende, Marcelo Sahea, Marlon de Almeida, Monique Revillion, Nei Lopes, Nelson de Oliveira, Nicolas Behr, Olavo Amaral, Paulo Ribeiro, Pena Cabreira, Ramon Mello, Reginaldo Pujol Filho, Reynaldo Bessa, Ricardo Silvestrin, Rodrigo Bittencourt, Rodrigo dMart, Rodrigo Rosp, Ronald Augusto, Sandro Ornellas, Sergio Faraco, Simone Campos, Tailor Diniz, Virna Teixeira, Wilmar Silva, Wladimir Cazé, Xico Sá.

Contém desde ficção de autores que estão publicando pela primeira vez em livro, até trabalhos de escritores consagrados e premiados no cenário literário nacional, como Sergio Faraco, escritor homenageado da FestiPoa 2010, Márcia Denser, Nelson de Oliveira, Altair Martins, Ernesto E. de Melo e Castro e Nei Lopes. De acordo com Fernando Ramos, organizador do livro, a publicação desse terceiro volume da coletânea consolida a ideia de elaborar-se a cada ano um volume que registra a memória do evento e possibilita ao público tomar contato com uma grande variedade de trabalhos literários produzidos especialmente para a ocasião.
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Título: O melhor da festa volume três
Número de páginas: 264
Preço: R$ 25,00
Número de autores participando: 71
Conteúdo: poemas, contos, crônicas, cartuns e tiras
Projeto gráfico: Jorge Nácul
Capa: Márcio-André
Revisão: Press Revisão
Supervisão editorial: Laís Chaffe
Organizador: Fernando Ramos
Editora: Casa Verde

13 julho 2011

O IDIOMA-PEIXE NA POESIA DE MARLON

Prosa do Mar (7Letras/Fumproarte), livro do poeta porto-alegrense Marlon de Almeida, ao trazer uma palavra supostamente distante da poesia no título, parece dar conta da eterna conversa do mar com a orla, estendida à presença da voz dos personagens que a habitam e à linguagem poética utilizada. Esta última busca uma simplicidade e clareza similares à prosa de mar limpo, sob céu azul e sol forte, sem excessivos contorcionismos ou subtrações sintáticos, embora às vezes rebatendo em obscuras vagas, semoventes como o seu objeto. Serve-se dos recursos que a língua oferece à poesia, escasseando-os por vezes, dentro de um andamento que recorda a suave tranquilidade pela qual pugnavam o latino Horácio Flaco e seu discípulo moderno Ricardo Reis.

Seria quase redundância afirmar que uma linguagem desse tipo, que continue interessante e mantenha o corte de profundidade, resulta de uma escrita em nada ingênua. O fato é que Marlon obtém êxito no que se propõe, e em vários momentos. Tal poética, no que se refere à recepção, abre sua obra para a possibilidade de um público letrado mais amplo, o que revela uma opção e um direcionamento, objeto de discussão dos poetas brasileiros desde, pelo menos, a problematização do tema pela conferência de João Cabral de Melo Neto, Poesia e composição, em 1952: a modernidade da poesia relacionada à perda do leitor, “anulando, do momento da composição, a contraparte do autor na relação literária, que é o leitor e sua necessidade” (JCMN. Prosa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998).

A questão, evidentemente, teve respostas diversas, seja através de um texto que usufruía de formas populares, modificadas pela ação consciente do poeta culto, como fez o próprio Cabral, seja através do que hoje parece pouco crível devido à falência da ilusão, a tentativa da poesia concreta no seu nascimento, como observou Paulo Franchetti, de modernizar a poesia a seu modo para aproximá-la do leitor, ideia abandonada antes mesmo da apresentação do seu “plano-piloto”. (PF. Leminski e o haikai, in A pau a pedra a fogo a pique: dez estudos sobre a obra de Paulo Leminski. Curitiba: Secretaria de Estado da Cultura, 2010).

Marlon conhece as limitações do alcance de sua poética numa sociedade em processo, que não erradicou a falta de domínio da língua escrita e a poluição midiática empobrecedora, subprodutos e sustentáculos de uma dominação econômica forânea: “Qual o idioma dos peixes?// Falo pra quem se não pra quem/ não me entende?// Mesmo na água não há como ser/ menos árido”, diz o poema que abre o livro.

O estranhamento em relação à linguagem cotidiana, próprio da poesia, não é puramente verbal. O desvio se opera não na dificuldade ou no grau de distorção da linguagem criada como um fim a atingir mecanicamente até a equívoca ostentação, mas ao apresentar um fato linguístico novo, uma maneira inteligente e pertinente de sentir-perceber o mundo. O que demanda o desvio, portanto, é a necessidade de mostrar a realidade de um ponto de vista distinto do usual, mais profundo e verdadeiro, em qualquer das formas possíveis de poesia, da mais difícil à mais receptível, igualmente podendo se desfazer em qualquer uma delas se não conquista um mínimo dessa espécie de clarividência. Talvez seja redundante, tão redundante quanto necessário, afirmar que o centro do que se chama de realidade em arte se refere à experiência humana, e assim é em Prosa do Mar.

Marlon se distancia, no entanto, da interação corriqueira com o mundo praiano, não pretende ir “pra trapiche passear com turista” como diz num poema, adentrando outro universo, menos abordado e menos óbvio, particularmente em termos de RS: o da vida à beira-mar (ou no mar), no sentido primordial da expressão ou em outro de múltiplas ressonâncias, aquele em que todos vivemos. As infinitas possibilidades do tema refletem-se num poema de rimas vocálicas que retira do paradoxal a sua economia: “O mar não principia/ nem termina.// É como um labirinto/ onde perdeste a linha.// O mar não tem saída.”

Quanto às gentes, a voz de um mestre pescador, recriada em itálico no corpo do poema, ensina o ofício que lhe concerne: “Pois veja: estando o poente na proa/ vira-se o corpo ao contrário e rápido larga-se a rede/ na altura da estrela primeira/ que alguns por costume chamam de Dalva,/ outros de Vênus, mas eu, sendo por anos sabido/ deste oceano de Deus, bem te digo:// Joga-se a rede por brilho de estrelas no olhar”. Pesca-se “Peixe se há, mais a lua e a saudade de casa/ que é coisa de sobra pra quem tá no mar”. Em outro poema, a voz adquirida se descortina: “Olho para o peixe/ (que apesar de morto permanece digno)/ e não sinto pena porque sinto fome”.

Mas não se trata apenas, como já se disse, de uma poesia restrita à aproximação com o específico povo do litoral, vai além: “Digo:/ um marujo deve de ser/ como prato a serviço:/ precisa de ter cicatrizes/ por uso.// Você está servido?” Um pequeno poema já se tornou quase clássico, exemplo dessa simplicidade que não se entrega ao leitor sem sua reflexão e ecoa dentro dele feito som de caramujo: “Como no amor,/ morre no mar/ quem sabe nadar”.

Marlon, o leitor deve ter observado, traz o mar dentro da palavra que mais o identifica, o próprio nome, uma proximidade nada desprezível.

Sidnei Schneider,
Revista Verbo 21, Salvador-BA, Ano 11, número 142, maio 2011, ISSN 2177-3173.

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