07 agosto 2007

KOVADLOFF: O SILÊNCIO PRIMORDIAL

O célebre escritor argentino e tradutor de poesia brasileira Gustavo Kovadloff - aquele da historinha recontada por Eduardo Galeano do menino diante do mar pela primeira vez, que pede ao pai 'me ajuda a olhar' - produziu um livro muito interessante, O Silêncio Primordial, no qual cada capítulo aborda o tema sob um prisma diferente. No que se refere ao silêncio na psicanálise, encontra-se a citação que transcrevo:

Retomando as palavras de Lacan, Juan Carlos Indart interpreta: " 'dar o que não se tem' (...) é uma fórmula que supõe ter passado pelo impossível. (...) Dito de outra maneira, acredito que a definição de Lacan introduz a sutil diferença que há entre a impossibilidade de dar e dar a impossibilidade." O significante (...) é o tipo de coisas que podemos dar. Por isso, na definição 'dar o que não se tem', o amor vem situar-se em um plano distinto ao do significante, o que aumenta seu enigma. Porque o amor conforma a derrota da palavra como negação do silêncio e, por sua vez, constitui o triunfo do silêncio como manifestação suprema da eloqüência inexprimível.

Serviço:

Juan Carlos Indart, Problemas sobre el amor y el deseo del analista, Buenos Aires, Ediciones Manatial, 1989, pp 55-56.

Santiago Kovaldloff, O silêncio primordial, Rio de Janeiro, José Olympo, 2003, p. 182.

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