20 junho 2007

POETA CONVIDADA: NELI GERMANO


NO TERMINAL

Sentado, ele ria - ria muito
Nada via - e ria
Roupa rosto sapato, em fatia
Dentes grandes, olhar estreito

Agachando-se em sua caixa de engraxate,
De cu pras estrelas,
a-dor-mecia


CASA DE INFÂNCIA

1

Meia-água
Madeira novinha, perfurada por nós de pinho
Coberta de telhas vermelhas: francesas e cumeeiras.

Por que meia água?
Como poderia uma tábua nova ser furada? e por nós...
De que lugar teriam vindo as telhas que não eram francesas?


2

Minha mãe amava juntando latas de azeite vazias,
e meu pai, à noite, desmanchando-as com suaves marteladas,
até tapar todos os buracos dos nós das tábuas.
Logo logo nasceria mais um bebê,
minha mãe teria que se proteger do minuano
na quarentena.


3

Meu pai amava construindo um puxadinho:
a lavanderia da casa.
E minha mãe, lavando roupas:
uma trouxa por dia.


Neli Germano, 2007

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5 Comments:

Blogger Sidnei Schneider disse...

Para não cortar os versos compridos, a fonte precisou ser pequena.

20/6/07 20:07  
Blogger Cezar Dias disse...

à maneira do seu Fulano da Palavraria: Gostei!

21/6/07 16:36  
Blogger Leo.. Schneider disse...

eu tb!

3/7/07 01:31  
Anonymous Anônimo disse...

tem leveza. sérgio ritter

4/7/07 19:24  
Blogger José Antônio Silva disse...

Neli, versos de muita experiência humana vivida, observada, filtrada e concentrada.Tempo e sensibilidade.
Poesia diz presente!
Parabéns e um abraço.

1/12/10 17:45  

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