21 março 2010

POEMA SOBRE FREUD

Auto-retrato, M.C. Escher (1898-1972)

Desafiado pelo convite de uma escritora-psicanalista a escrever um poema como se fosse um analista chamado Sigmund, saí-me com este aí, um tanto pelo avesso:

DOKTOR FREUD

como dar a ver o
.........dr. alegria?
se nem ele se dava
fora de boa prosa.
em poesia?
cofiando o pelo ralo
que me daria barba,
na rebarba e de a
contrapê-lo?
não, não saberia,
nem recrutado,
fazê-lo.

como tirar o véu
do que foi um dia,
reunir à sombra
a visão lenitiva
da sua lente,
inalterá-la no
disforme da
inevitável
entropia?
feito rimbaud,
je est un autre,
poderia?

como reter um
ponto de vista
sempre móvel,
obra e vida,
na escassa
resina minha?
a função atual
do seu saber,
onde a poria?
logo, sem
pudor, ele
me demitiria.

Sidnei Schneider

2 Comments:

Anonymous Anônimo disse...

Grande desafio, poeta! A complexidade de Freud é notória e, assim dita, um tanto pelo avesso, nos deixa mais à vontade em relação às questões elevadas da psicanálise. A imagem de Escher também merece destaque! AC

25/3/10 09:59  
Blogger josé-virgílio disse...

eu não sou eu nem sou o outro
(inter)disse o insensato carneiro

bom ouvir nessa prosa
poesia entre nosotros

um abraço
como se diz

10/4/10 14:33  

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