10 julho 2008

CONGRESSO NACIONAL HOMENAGEIA MARTÍ E REPERCUTE TEXTO AQUI DO BLOGUE

O artigo Martí: o singelo vigor do aço repercutiu em Brasília no pronunciamento do Senador Inácio Arruda

Memorial José Martí em Havana

O Congresso Nacional realizou no dia 1º de julho de 2008 sessão solene em homenagem aos 155 anos do nascimento do poeta José Martí (1853-1895), líder da independência cubana. O requerimento para a realização da sessão, de autoria da deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), recebeu apoio dos senadores Jefferson Praia (PDT-AM), Renato Casagrande (PSB-ES), João Pedro (PT-AM). José Nery (PSOL-PA) e Inácio Arruda (PcdoB-CE).

Um grupo de parlamentares cubanos, formado pelo presidente da Assembléia Nacional do Poder Popular de Cuba, Ricardo Alarcón de Quesada; pelo presidente do Grupo Parlamentar Cuba-Brasil, José Luis Fernandez Yero; pela deputada Yenielys Regueiferos Linares e pelos assessores do presidente Alarcón Miguel Alvarez Sanchez e Vitor Leyva Blanco, participou da sessão solene e, mais tarde, da abertura de exposição de fotografias de Cuba e poemas de José Martí, no corredor de acesso ao plenário da Câmara dos Deputados.

HOMENAGEM DE THIAGO DE MELLO

A deputada proponente, Vanessa Grazziotin, afirmou que a história de José Martí leva a uma reflexão sobre a necessidade da ampliação e o fortalecimento da unidade entre os povos da América Latina e Caribe. “É necessário que intensifiquemos a luta pela soberania e integração econômica e cultural dos países irmãos. Dessa luta, que é permanente, faz parte a necessidade do reforço das ações de combate ao imperialismo norte-americano, que tanto mal tem feito aos povos do mundo”, discursou a deputada.

Vanessa Grazziotin também deu como exemplos a incursão dos EUA no Iraque, a política de bloqueio econômico contra Cuba e a prisão ilegal dos cinco cubanos em território norte-americano. Além de destacar a trajetória de Martí, a parlamentar ressaltou a produção literária do poeta e leu uma homenagem de Thiago de Mello feita especialmente para ocasião: “Reparto, com todos os meus irmãos de pátria e de esperança, as palavras estreladas que abrem uma carta do nosso belo homenageado José Martí a seu filho Ismaelillo. Todos estamos muito precisados delas: Tenho fé no melhoramento humano. Na vida futura. Na grande utilidade da virtude. Thiago de Mello, Rio Andirá. Fim da cheia de 2008”.

POETA REVOLUCIONÁRIO

O senador Inácio Arruda também destacou a veia poética do revolucionário: “José Martí, sabemos todos, foi poeta inigualável. Seu primeiro livro de poemas, Ismaelillo, é considerado precursor do modernismo latino-americano, anterior até mesmo ao célebre Azul, do nicaragüense Rubén Darío. Quanto ao mérito das composições, basta dizer que o próprio Darío reconhecia que "Martí escreve mais brilhantemente que qualquer outro da Espanha ou da América".

"Dos Versos Singelos, seguramente sua maior contribuição à literatura, foi retirada a letra de Guantanamera, uma das músicas mais representativas de nosso continente. Dono de notável erudição, Senhor Presidente, Martí foi também brilhante ensaísta, capaz de discorrer com conhecimento de causa tanto sobre a influência dos Estados Unidos, em um planeta que passava por grandes transformações, como sobre a estrutura dos poemas de Walt Whitman.

“Poliglota, traduziu Horácio, Victor Hugo, Ralph Emerson e Edgar Allan Poe. Incursionou no campo da filosofia, com um pensamento que rompe com os padrões convencionais para dar voz ao crioulo, ao índio e ao afro-americano, formulando um novo conceito moral que une a vontade de emancipação com a busca de justiça social.

“José Martí também foi jornalista. Escrevia para dezenas de jornais de todo o continente americano – dos Estados Unidos à Argentina –, sobre política, artes e literatura. E exercitou a diplomacia, assumindo a função de cônsul, nos Estados Unidos, tanto da Argentina como do Paraguai e do Uruguai.

“De modo, Senhor Presidente, que penso não haver dúvidas sobre a grandeza de José Martí e, conseqüentemente, sobre o caráter bastante oportuno desta homenagem que aqui lhe prestamos. Ao mirá-lo, repito, miramos um ser humano completo. Um ser humano que conseguiu ser essencial na política, na filosofia, na literatura, em cada uma, enfim, das inúmeras atividades a que se dedicou.”

No campo político, o senador Arruda destacou que José Martí teve a percepção de que não bastava a Cuba liberta-se da Espanha. Depois de viver 15 anos nos EUA, Martí teve a missão de alertar seus compatriotas sobre os risco de livra-se de um jugo e cair em outro, libertar-se da Espanha e passar ao domínio dos Estados Unidos. “Martí foi revolucionário, intelectual, professor e poeta, devotando sua vida à luta contra o colonialismo e pela construção da nossa América, continente que queria livre do domínio de qualquer potência, inclusive dos Estados Unidos, antecipando que este emergiria como futuro inimigo de uma Cuba independente”, discursou Arruda.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu o fim do bloqueio econômico dos EUA à Ilha como a melhor forma de promover o intercâmbio entre os países da América. Ele aposta na vitória do senador democrata Barak Obama nas eleições presidenciais daquele país para que seja formalizado o fim do bloqueio. “Sem a liberdade de comércio como Cuba realiza com os canadenses fica difícil alcançarmos a integração”, afirmou o senador.

Utilizaram ainda a palavra representando seus partidos os deputados Nilso Mourão (PT-AC), Janete Capiberibe (PSB-AP), Adão Preto (PT-RS) e o senador João Pedro (PT-AM). Também compareceu ao evento o ministro do Esporte, Orlando Silva, e diversos representantes de entidades do movimento social.

No encerramento da programação foi feito um ato de inauguração da exposição de fotografias sobre José Martí e imagens de Cuba no corredor de acesso ao plenário da Câmara. A cantora Indianna Namma executou um repertório cubano no show realizado no Salão Nobre da Câmara.

Marcadores: