24 março 2008
Quem sou eu
- Nome: Sidnei Schneider
- Local: Porto Alegre, RS, Brazil
Sidnei Schneider é poeta, contista, tradutor de poesia e ensaísta. Publicou os livros "De rua e sangas" (Umespa, 2018, 2a. ed. 2019, contos), "Andorinhas e outros enganos" (Dahmer, 2012, Amazon, 2020, contos), "Quichiligangues"(Dahmer, 2008, poesia), "Plano de Navegação" (Dahmer, 1999, poesia) e "Versos Singelos/José Martí"(SBS, 1997, tradução). Participa de "Poesia Sempre" (Biblioteca Nacional/MinC, 2001), "Antologia do Sul" (Assembléia Legislativa, 2001), "O Melhor da Festa"(Nova Roma, 2009; Casa Verde, 2010), "Moradas de Orfeu" (Letras Contemporâneas, Florianópolis, 2011), entre outras publicações. 1º lugar no Concurso de Contos Caio Fernando Abreu, UFRGS, 2003 e 1º lugar em poesia no Concurso Talentos, UFSM, 1995. Participou do projeto ArteSesc, membro da Associação Gaúcha de Escritores.
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1 Comments:
Porto Alegre, 30 de março de 2008.
O Renascentista
A Paulo Hecker Filho e seus amigos,
Um renascentista
Gauche no mundo pós-Descartes,
Reino, por excelência,
Do especialista.
Um olhar igual
O olhar multifacetado de mosca proustiano
Que admirava
A arvore
Mas nela não se fixava.
Era pouco para sua sede de saber.
Seu interesse era
A floresta toda.
Em especial
Os espécimes mais exóticos
E raros.
A cultura e toda
A sua variada fauna
Era o seu mundo,
Vasto mundo.
Bebeu da melhor fonte,
Com uma sede de deserto,
E compartilhou desta
Água elemental
Com todos que o rodeavam.
E dizer que a oportunidade
De o conhecer
Me foi dada
E eu não soube aproveita- la.
Estava eu e meu filho
Em um concerto de musica clássica.
Sentado ao meu lado
Estava um sujeito
Que maravilhado
De ver pai e filho
Naquela confabulação
Sobre a musica e seus encantos,
Perguntou,
Todo atenção:
Vocês vêm sempre juntos
Em concertos?
Respondi, ou meu filho
Respondeu.
Não me lembro bem,
Que costumávamos
Assistir muitos espetáculos
Juntos
Fiz mais, dada à empatia imediata,
Com aquele desconhecido
De olhar curioso e amoroso,
Disse que meu filho
Era pianista
E isto o encantou.
Dava para ver
O brilho dos seus olhos
Que irradiava satisfação para
Todo o rosto.
Encontro mágico
Que nem foi bem um encontro
E quanta riqueza,
Quanta humanidade trocada
Em um curto momento.
Logo, fomos embora.
Uma coisa me intrigou.
Conheço este sujeito
De algum lugar?
Tempos depois
Associei o nome
Àquele desconhecido.
Paulo Hecker filho.
Me lembro agora
O ano era 2005
Ano de sua morte.
Hoje, um pouco mais
Versado,
Não muito,
Em Paulo Hecker Filho
Me ponho a cogitar
De como eu e meu filho
Refletimos, qual espelhos borgianos,
Naquele espírito único,
Onde habitava o melhor
Do saber
Com a dor da perda maior,
Sentimentos ambíguos
De satisfação e saudade
De dores
Nunca cicatrizadas
Em alguém que gostaria de ali estar
Junto com os seus filhos,
Precoce e tragicamente perdidos,
Assistindo o concerto.
Felizes e animados
Como nós.
Autor : Jorge Alberto Benitz.
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