24 março 2008

PORTO ALEGRE DÁ POESIA - CLIPAGEM 1

Para ampliar e ler, clique nas imagens:

Zero Hora, 24[1].03.2008, Segundo Caderno, pág 5

Jornal do Comércio, 24[1].03.2008, Caderno Panorama


Zero Hora, 24[1].03.2008, Roteiro Segundo Caderno, pág 4


Correio do Povo, 24[1].03.2008, Arte & Agenda, contracapa

1 Comments:

Anonymous Anônimo disse...

Porto Alegre, 30 de março de 2008.

O Renascentista

A Paulo Hecker Filho e seus amigos,

Um renascentista
Gauche no mundo pós-Descartes,
Reino, por excelência,
Do especialista.

Um olhar igual
O olhar multifacetado de mosca proustiano
Que admirava
A arvore
Mas nela não se fixava.
Era pouco para sua sede de saber.
Seu interesse era
A floresta toda.
Em especial
Os espécimes mais exóticos
E raros.
A cultura e toda
A sua variada fauna
Era o seu mundo,
Vasto mundo.

Bebeu da melhor fonte,
Com uma sede de deserto,
E compartilhou desta
Água elemental
Com todos que o rodeavam.

E dizer que a oportunidade
De o conhecer
Me foi dada
E eu não soube aproveita- la.
Estava eu e meu filho
Em um concerto de musica clássica.
Sentado ao meu lado
Estava um sujeito
Que maravilhado
De ver pai e filho
Naquela confabulação
Sobre a musica e seus encantos,
Perguntou,
Todo atenção:
Vocês vêm sempre juntos
Em concertos?
Respondi, ou meu filho
Respondeu.
Não me lembro bem,
Que costumávamos
Assistir muitos espetáculos
Juntos
Fiz mais, dada à empatia imediata,
Com aquele desconhecido
De olhar curioso e amoroso,
Disse que meu filho
Era pianista
E isto o encantou.
Dava para ver
O brilho dos seus olhos
Que irradiava satisfação para
Todo o rosto.

Encontro mágico
Que nem foi bem um encontro
E quanta riqueza,
Quanta humanidade trocada
Em um curto momento.

Logo, fomos embora.
Uma coisa me intrigou.
Conheço este sujeito
De algum lugar?
Tempos depois
Associei o nome
Àquele desconhecido.
Paulo Hecker filho.
Me lembro agora
O ano era 2005
Ano de sua morte.

Hoje, um pouco mais
Versado,
Não muito,
Em Paulo Hecker Filho
Me ponho a cogitar
De como eu e meu filho
Refletimos, qual espelhos borgianos,
Naquele espírito único,
Onde habitava o melhor
Do saber
Com a dor da perda maior,
Sentimentos ambíguos
De satisfação e saudade
De dores
Nunca cicatrizadas
Em alguém que gostaria de ali estar
Junto com os seus filhos,
Precoce e tragicamente perdidos,
Assistindo o concerto.
Felizes e animados
Como nós.

Autor : Jorge Alberto Benitz.

30/3/08 12:20  

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