13 abril 2005

CANTIGA DA TARDE CLARA



Ana vem pela estrada.
O vestido é uma palmeira.
Venta.

Pó gruda no calcanhar.
Cãozinho dá de latir.
Preto.

Da casa sai o noivo.
Dedo fisgado de anzol.
Ponte.

Correm os tamanquinhos.
O noivo sorri com mãos.
Salto.

Movem-se os lençóis.
O vento dobra o mar.
Tato.


Sidnei Schneider
do livro Plano de Navegação

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2 Comments:

Blogger Bárbara Lia disse...

oi sidnei
passei prá dar oi.
gosto deste poema teu.
abração
Bárbara

14/4/05 08:06  
Anonymous Anônimo disse...

Oi Side
“Tarde Clara” sempre me lembra um ir e vir de cartas pelos céu do Brasil. Agora as cartas voam por outro céu, que nós sabemos, é sempre o mesmo. O mesmo que agora traça linhas sobre um lago onde dorme o reflexo da lua cheia.
Pode ser pura conscidência, mas prefiro achar que são outros mistérios, mas poéticos. Quando recebi a notícia do blog havia levado para enquadrar, no dia anterior, um papel envelhecido com “Ode para Engomar”, do Pablo Neruda (não sei se tradução tua), que você me enviou anos atrás. O reencontrei entre meus guardados e queria-o na parede. Agora que já estou com o quadrinho pronto (papel entre vidro e madeira branca) em mãos (ficou lindo), aí vai o poema para ilustrar.

Ode para Engomar

(Pablo Neruda)

A poesia é branca
sai da água envolta em gotas,
enruga-se e amontoa-se,
é preciso estender a pele deste planeta,
é preciso engomar o mar com sua brancura
e vão e vêm as mãos,
alisam as sagradas superfícies
e assim se engendram as coisas:
dia a dia fazem as mãos o mundo,
une-se o fogo ao aço,
chegam o linho, o algodão e o cotim
da faina das lavanderias
e nasce da luz uma pomba:
a pureza regressa da espuma.

Beijo, Ana

10/5/05 18:13  

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