15 março 2007

DÉBORA

aos
14 anos
beijei
os seios
de uma
carioca
da mesma
idade
em torres,
água-viva
benfazeja
na concha
dos lábios,
eu tocava
os seios
e os seios
nasciam,
veleiros
ancorados
querendo
zarpar.
não era
como hoje,
apertadas
dentaduras
pairavam
no monturo,
não queriam
saber de
seios metidos
na boca
de meninos.
enquanto
o fazia,
enlameando
de saliva
o mel
daquela
abelha,
disse
(leitãozinho
de freud)
tudo o
que sabia
sobre
esse
materno
deleite.
não sei
o que
pensou
a pupila
arregalada
daquela
filha,
o lábio
pendente
e úmido
daquela
folha
aberta
no sofá
do hotel,
mas intuo
que gostou
da fala
cômica
que comia
a sua,
da língua-
falo
sem
filologia,
do meu
discurso
em forma
de fruta,
da minha
caligrafia
tatuada
na sua
pele boa
de sutra
aprendiz.
divertido
deve ser,
também
para ela,
recordar
uma voz
de trigo
mapeando
os cílios
da baía,
até obter
dois bondinhos
eretos.
(querida
rainha,
escrevo
para te
possuir,
não sei
mais
do que
um nome,
por isso
te acrescento
outros.
brinco
com eles
aqui.)